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Arca do Gosto do Slow Food

Como associada do Slow Food Brasil, gostaria de dividir com vocês algumas informações sobre a Arca do Gosto do Slow Food.

Do Brasil, sete novos passageiros embarcam na Arca do Gosto do Slow Food: o berbigão, a cagaita, o cambuci, o licuri, a mangaba, a ostra de Cananéia e o pequi. A Arca do Gosto é um projeto do movimento internacional Slow Food que identifica, localiza e divulga sabores quase esquecidos de produtos ameaçados de extinção, mas ainda vivos, com potencial produtivo e comercial. O objetivo é documentar produtos gastronômicos especiais, que correm o risco de desaparecer. Desde o início da iniciativa, em 1996, mais de 750 produtos de dezenas de países foram integrados à Arca. Para ser incluído, o alimento precisa ter qualidades gastronômicas, ligação com a área geográfica local, ser produzido artesanalmente e de forma sustentável e estar em risco de extinção. Com os novos integrantes, a Arca do Gosto conta agora com 21 produtos brasileiros.

Conheça os novos integrantes brasileiros da Arca:

Berbigão
O berbigão, também chamado de marisco da areia, é um molusco facilmente encontrado ao longo da costa brasileira. Devido ao alto valor nutritivo, é consumido por grande parte da população litorânea, além de servir como fonte de renda para pescadores. É o ingrediente principal da tradicional sopa do marisco branco, também conhecida como sopa de berbigão. Em Santa Catarina, onde o berbigão é bastante explorado e comercializado, foi criada a Reserva Extrativista Marinha do Pirajubaé em uma área de mangue da capital, Florianópolis. A principal atividade da reserva é o manejo sustentado do berbigão, que tinha a reprodução ameaçada pela extração desordenada. Além das 25 famílias vinculadas à reserva, estima-se em quatro mil o número de pessoas que dependem dela para complementar a renda. A pesca é feita com equipamentos rudimentares e artesanais e, embora possa ser realizada todos os dias da semana, há um limite de nove latas de 18 litros por família.

Cagaita
Fruto nativo do Brasil, a cagaita é encontrada em todo o Cerrado, vegetação característica do Planalto Central. De sabor acidulado, pode ser consumida ao natural ou na forma de doces, geléias, sorvetes e sucos. Bastante perecível quando madura, deve-se comer ou processar a cagaita logo após a colheita, para evitar a oxidação. Quando congelada, a polpa resiste por até um ano. Com o avanço da pecuária e da agricultura intensiva em grande parte da região centro-oeste, por onde se estende o cerrado, as árvores da cagaita começaram a ser derrubadas.

Cambuci
Nativo da Mata Atlântica, o cambuci é um fruto brasileiro usado desde o período colonial para aromatizar cachaças. Rico em perfume, tem sabor levemente doce, mas extremamente ácido, o que limita seu consumo in natura. Com alto teor de fibras, vitamina C, agentes antioxidantes e taninos, o cambuci pode ser congelado e processado sem que perca o sabor e o aroma. Tanto a polpa batida quanto o fruto congelado inteiro podem ser usados na produção de bebidas e diferentes receitas, doces e salgadas. Ameaçada de extinção, a árvore do cambuci ainda sobrevive em quintais domésticos de cidades da Serra do Mar, como Rio Grande da Serra, Paranapiacaba (uma vila de Santo André, na Grande São Paulo), Salesópolis, Biritiba-Mirim e Paraibuna, que integram a Rota Gastronômica do Cambuci.

Licuri
O licuri é uma palmeira típica do semi-árido nordestino, encontrada principalmente na Bahia e no norte de Minas Gerais e também em Pernambuco, Sergipe e Alagoas. Do alto do seu tronco pendem cachos carregados de coquinhos, usados para a produção de óleo, leite-de-coco, granola, cocada, paçoca, biscoito, licuri torrado e caramelado. É usado, há muito tempo, como fonte de alimento e sustento para comunidades baianas como a de Jaboticaba, na região de Capim Grosso, onde 50% das famílias trabalham e dependem do licuri.

Mangaba
A mangaba é o fruto da mangabeira, árvore nativa do Brasil. Aromática e delicada, tem sabor doce acidulado e pode ser consumida tanto in natura quanto utilizada na fabricação de sucos, sorvetes, geléias, doces em calda, compotas, licores, vinho e xaropes. O Sergipe é o maior produtor, seguido de Minas Gerais e Bahia, mas o fruto também é encontrado nas regiões de tabuleiros e baixadas litorâneas de todo o Nordeste, em áreas de restinga, cerrado e em parte da Amazônia. Entre novembro e abril a colheita de mangaba é uma das únicas fontes de renda de centenas de famílias em muitos estados do Nordeste, onde as áreas de mangabeiras estão desaparecendo para dar lugar a condomínios e hotéis, criatórios de camarão e plantações de cana-de-açúcar, eucalipto e coqueiro.

Ostra de Cananeia
Cananeia é uma pequena cidade histórica situada no litoral de São Paulo, considerada por muitos como o povoado mais antigo do Brasil. Integra o Complexo Estuarino Lagunar, reconhecido como um dos cinco maiores viveiros de espécies marinhas do mundo. Na área continental de Cananeia fica o bairro do Mandira, que abriga, desde o final do século XVII, uma comunidade remanescente de quilombo que tem como atividade o extrativismo no mangue, sendo a ostra a principal fonte de renda. A área de mangue de domínio dos mandiranos foi decretada, em dezembro de 2002, Reserva Extrativista do Mandira pela importância ambiental, a alta produtividade e o elevado grau de conservação. A exploração da ostra é baseada no sistema de produção familiar e hoje cerca de 40 moradores atuam na produção de até 50 mil dúzias por ano, comercializadas principalmente por meio da Cooperativa dos Produtores de Ostra de Cananeia (Cooperostra). Os principais pontos de escoamento da produção são os restaurantes da capital e do litoral paulista. As mulheres do Mandira também produzem deliciosas receitas com as ostras, como tortas, pães e farofa, vendidos aos turistas.

Pequi
Todo mês de janeiro as cozinhas da região central do Brasil exalam um perfume inconfundível de pequi. É o início do período de frutificação do pequizeiro, árvore nativa do Cerrado, distribuída nas regiões norte, nordeste e centro-oeste e também em parte do sudeste, principalmente no norte de Minas Gerais, onde o pequi é vital para a alimentação e a geração de renda do sertanejo. Altamente energético e muito apreciado pelas populações locais, o fruto está incorporado à culinária regional: o arroz, o frango e o feijão cozidos com pequi são pratos típicos, assim como o licor de pequi. Sua polpa tem cerca de 60% de óleo comestível e é rica em vitamina A e proteínas. Já a amêndoa, também comestível e muito saborosa, pode ser utilizada na indústria de cosméticos.

No site do Slow Food Brasil (www.slowfoodbrasil.com) estão disponíveis as fichas técnicas com informações completas sobre os novos produtos da Arca e o contato das comunidades produtoras (http://www.slowfoodbrasil.com/content/category/6/19/59/)

Sobre o Slow Food
O Slow Food é uma associação internacional sem fins lucrativos, fundada em 1989, como resposta aos efeitos padronizantes do fast food, ao ritmo frenético da vida atual, ao desaparecimento das tradições culinárias regionais e ao decrescente interesse das pessoas na sua alimentação, na procedência e sabor dos alimentos. O Slow Food segue o conceito da ecogastronomia, conjugando o prazer e a alimentação com consciência e responsabilidade, reconhecendo as fortes conexões entre o prato e o planeta. Hoje conta com mais de 100 mil associados espalhados em todo o mundo.

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